cronologia dos autores

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sexta-feira, 23 de março de 2018

quinta-feira, 22 de março de 2018

Eça de Queirós, OS MAIAS (1888)


«Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado, tinha o aspecto tristonho de residência eclesiástica que competia a uma edificação do reinado da senhora D. Maria I: com uma sineta e com uma cruz no topo, assemelhar-se-ia a um colégio de Jesuítas.»

Eça de Queirós, O PRIMO BASÍLIO (1878)


«Roupão de manhã de fazenda preta, bordado a soustache, com largos botões de madrepérola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito; a sua pele tinha a brancura tenra e láctea das louras: com o cotovelo encostado à mesa acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis e rubis miudinhos davam cintilações escarlates.»

quarta-feira, 21 de março de 2018

Eça de Queirós, A CIDADE E AS SERRAS (póstumo, 1901)


«No Alentejo, pela Estremadura, através das duas Beiras, densas sebes ondulando por colina e vale, muros altos de boa pedra, ribeiras, estradas, delimitavam os campos desta velha família agrícola que já entulhava grão e plantava cepa em tempos de el-rei D. Dinis.»

terça-feira, 20 de março de 2018

Eça de Queirós, O CRIME DO PADRE AMARO (1875)


«Era um aldeão: tinha os modos e os pulsos de um cavador, a voz rouca, cabelos nos ouvidos, palavras muito rudes.»

Camilo Castelo Branco, EUSÉBIO MACÁRIO (1879)


«Por debaixo da triplicada cornija do mostrador havia uma medalha com uma dama cor de laranja, vertida de vermelhão, decotada, com uma romeira e uma pescoceira crassa e grossa de vaca barrosã, penteada à Pompadour, com uma réstia de pedras brancas a enastrar-lhe as tranças.» 

Camilo Castelo Branco, A FILHA DO ARCEDIAGO (1854)



«As bochechas balofas e trémulas, dilatadas pelo calor do Estio, ressumavam-lhe um suco oleoso, quer descia em regos pelos três rofegos da barba e vinha aderir a camisa às duas grandes esponjas, que formavam os seios cabeludos do nosso amigo atribulado.» 

quarta-feira, 14 de março de 2018

Alves Redol, FANGA (1943)

«Minha mãe fez-me um almoço de pão de milho e azeitonas, meteu-me tudo num cesto que enfiei no braço e, enquanto o meu pai aparelhava a burrita, dei uma corrida a casa da avó Caixinha para me mostrar.»

domingo, 11 de março de 2018

Francisco Costa, CÁRCERE INVISÍVEL (1949)




«Nessa noite de Julho, ao regressar a casa, deve ter parado, atónito, no meio da rua deserta: embora passasse da meia-noite, havia, na janela da frente, um risco de luz vertical!»  

sexta-feira, 9 de março de 2018

pontos prévios: Alves Redol, BARRANCO DE CEGOS (1961)

«Contaram-me que numa tarde de domingo, daquelas em que meu avô, seu criado e maioral das éguas, vinha aviar o alforge para quinze dias de Lezíria, o patrão Diogo nos viu juntos e se dignou, sem nojo, concretizar uma carícia nos cabelos encaracolados da minha cabeça de menino pobre.»