cronologia dos autores

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quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Assis Esperança, PÃO INCERTO (1964)


«Residências a caírem de velhas ou de mal-construídas, rebocos a cobrirem-lhes as fendas e rugas, as suas janelículas, a metros do solo, ostentam-lhes a presunção de inexpugnáveis.»

terça-feira, 27 de novembro de 2018

crónica: Conde de Ficalho, DISPERSOS (póst., 1998)

«Os ricos e elegantes foram para Sintra, ou para uma praia qualquer, continuar a vida de Lisboa: as carruagens conhecidas cruzam-se no passeio da tarde, como se cruzavam durante o inverno na Avenida; e à noite, as mesmas soirées reúnem as mesmas pessoas, com os mesmos flirts, e a mesma ponta de má língua -- que, no fim de contas, sempre é uma consolaçãozita na vida.» -- «Cartas do Campo - O Repórter, 4 de Setembro de 1888  (edição de João Forjaz Vieira)

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Ferreira de Castro, EMIGRANTES (1928)



«Quando, porém, o outeiro, em curva suave de ventre feminino, se cosia ao sinuoso caminho que dava acesso à aldeia, deteve-se, meditativo, a contemplar a sua casita, quase debruçada no Caima.» 

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Assis Esperança, FRONTEIRAS (1973)

«Uma vez predispostos a trocarem o certo pelo incerto, em vez de se acomodarem, tal-qualmente os seus avós, às servidões sem chorume, esses homens abalavam "às cegas".»  (do «Prefácio»)


Joaquim Paço d'Arcos, ANA PAULA (1938)

«Na noite que caía, envolvendo em sombras a figura de mulher que tanta dor exprimira, já mal se distinguiam as feições magoadas por um rictus de sarcasmo e de revolta.»


sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Júlio Dinis, A MORGADINHA DOS CANAVIAIS (1868)


«Um, o mais moço e pela aparência o de mais grada posição social, era transportado num pouco escultural, mas possante muar, de inquietas orelhas, músculos de mármore e articulações fiéis; o outro seguia a pé, ao lado dele, competindo, nas grandes passadas que devoravam o caminho, com a quadrupedante alimária, cujos brios, além disso, excitava por estímulos menos brandos do que os de simples e nobre emulação.»

Carlos Malheiro Dias, PAIXÃO DE MARIA DO CÉU (1902)


«D. António Sepúlveda de Vasconcelos e Meneses, senhor do morgadio do Corgo, festejava nesse dia soalheiro de Outubro, em 1807, os vinte anos viçosos da linda Maria do Céu.» 

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Vitorino Nemésio, MAU TEMPO NO CANAL (1944)

«Do lado oposto à cidade a estrada descrevia uma curva ao longo de muros cerrados, onde os grilos pareciam, de Verão, o queixume da ilha abafada e em que pairava agora um pasmo solto de tudo, menos do mar.» 

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Assis Esperança, SERVIDÃO (1946)

«E improvida continuaria, se não viesse ocupar, naquela casa, o invejado lugar de filha adoptiva, criado para ela -- mas difícil, tão difícil que muita vez apelava angustiada para a sua firme resolução de ser alguém, tapando a boca a repostadas e rebeldias.» 

domingo, 11 de novembro de 2018

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Francisco Costa, CÁRCERE INVISÍVEL (1949)



«No isolamento absoluto da noite, as matérias do curso costumavam entrar-me pelo espírito dentro, com uma fluidez e limpidez de água corrente.» 

Carlos de Oliveira, UMA ABELHA NA CHUVA (1953)

«Atravessou de novo a praça, batendo pausadamente o tacão das botas, deixando cair os últimos pingos de lama, e dirigiu-se à redacção da Comarca de Corgos, sempre no mesmo passo oscilante e pesado, como se o levasse a custo o vento que arrastava no chão as folhas quase podres dos plátanos.» 

terça-feira, 6 de novembro de 2018

combatentes: Jaime Brasil, O CASO DE "A INFANTA CAPELISTA" DE CAMILO CASTELO BRANCO (1958)


«A confusão estabelecida pelos "entendidos" em camilografia, em geral simples camilómanos, acerca da obra de Camilo Castelo Branco "A Infanta Capelista" é de tal ordem que os não iniciados nos mistérios da vida desse escritor dificilmente encontram o fio da meada, propositadamente enredada pelos camilófagos e "camelianistas".» 

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

crónica: Fialho de Almeida, À ESQUINA (1903)


«Persuado-me também que à posteridade pouco se dará que eu tenha nascido em Vila de Frades, no largo da Misericórdia, numa casinha de taipa construída por pedreiros da minha gente, e que haja sido meu pai, mestre-escola da terra, e tipo de santo austero numa alma de sonhador sempre calado, que protegesse e dirigisse os rudimentos da minha educação.» -- «Eu»

domingo, 4 de novembro de 2018

pontos prévios: Aquilino Ribeiro, VOLFRÂMIO (1943)

«O romancista vai de indivíduo em indivíduo, como a abelha quando forrageia o pólen, e a um pede o físico, a outro a índole, a este uma anedota, àquele um pormenor característico, e assim amassa por aglutinação os seus figurantes.» (do prefácio à 2.ª edição [1944] )

sábado, 3 de novembro de 2018

conferência: Ferreira de Castro, CANÇÕES DA CÓRSEGA (1936)



«Se espraiávamos os olhos em redor, para cima, para baixo, para a direita e para a esquerda, tudo era branco e tudo nos dava uma sensação de soledade imensa.»

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

cartas: Jaime Brasil a Ferreira de Castro

«De resto, neste país não se passa economicamente nada, a não ser miséria.» (24 de Dezembro de 1935) -- Cartas a Ferreira de Castro, ed. Ricardo António Alves (2006)