cronologia dos autores

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terça-feira, 22 de janeiro de 2019

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Carlos de Oliveira, UMA ABELHA NA CHUVA (1953)

«O escritório do Medeiros, director da Comarca, era escuro e desconfortável; uma vulgar secretária de pinho, dois ou três cadeirões com almofadas de palha, um quebra-luz de missanga na lâmpada do tecto e montes de jornais aos cantos; cheirava a pó como num caminho de estio.» 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Aquilino Ribeiro, ANDAM FAUNOS PELOS BOSQUES (1926)

«E, pelos rasgões do chambre, um seio branco, rechonchudo, com mais vergonha que se o Padre Santo António lhe publicasse os segredos, mostrava o mamilo, tão rubro, tão jucundo como o morango primeiro que pinta no morangal.»

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Assis Esperança, SERVIDÃO (1946)

«Não mais o frio das noites frias, a esteira, no chão, a fazer de cama para ela e para os irmãos, "cobertas de farrapos" a cobrirem-nos, por mantas quentes os jornais que a mãe estendia entre coberta e coberta: dispunha, agora e para sempre, de um leito nupcial, de príncipes, almofadas e almofadões a adornarem-no.» 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

testemunho: Reinaldo Ferreira (Repórter X), MEMÓRIAS DE UM EX-MORFINÓMANO (1933)

«Mesmo antes de despertar -- um sonho me alvissarou que era hoje; um sonho em contorções e desesperos de pesadelos; seringas que se quebravam nas mãos, agulhas que me fugiam por entre os dedos, frascos de droga que se esvaziavam, por diabólico ilusionismo -- no próprio instante da picada.» 

sábado, 5 de janeiro de 2019

memórias: Ferreira de Castro [MEMÓRIAS INÉDITAS ] (1931)

«Sentei-me a uma das carteiras e, não tendo coragem de levantar os olhos, fixei-os no abecedário, que crescia e se deformava constantemente.» 

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Alves Redol, BARRANCO DE CEGOS (1961)

«Acuso-me também de ter rompido, com muitos outros, os nevoeiros premeditados, os abismos reais e os abismos ilusórios, que são ainda mais perigosos, as cadeias, as ameaças e os sortilégios do cercado em que conviria permanecermos ainda mais uns séculos, para glória e proveitos dos nossos amos, que dispuseram de poderes suficientes para mandarem decapitar todos os seus servos, sem qualquer coima ou embargo, e não o ordenarem pelo simples facto de não poderem passar sem eles.» 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Agustina Bessa Luís, ANTES DO DEGELO (2004)

«Num coberto por detrás da casa, frente ao pátio onde tinha crescido uma nogueira gigante, um velho derreado, numa das últimas posturas que antecedem a morte, olhou-me com o sorriso habitual dos subalternos.»

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Almeida Garrett, VIAGENS NA MINHA TERRA (1846)

«Assim vamos de todo o nosso vagar contemplando este majestoso e pitoresco anfiteatro de Lisboa oriental, que é, vista de fora, a mais bela e mais grandiosa parte da cidade, a mais característica, e onde, aqui e ali, algumas raras feições se percebem, ou mais exactamente se adivinham, da nossa velha e boa Lisboa das crónicas.»