«Vista do ramo transversal do claustro e no prolongamento do eixo da igreja, a ábside desenrolava em frente do espectador a sua elegante redondeza, e o frémito alado dos arcobotantes, com a ossatura frágil em pleno equilíbrio aéreo, dava-lhe tal ar de vida palpitante, que era de recear que a uma carícia mais quente do sol filtrando-se nos poros da pedra, a catedral abrisse as asas e erguesse o largo voo nessa lúcida manhã de tempo claro.»
cronologia dos autores
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sexta-feira, 29 de março de 2019
Camilo Castelo Branco, AMOR DE PERDIÇÃO (1862)
«Para fazer-se amar da formosa dama de D. Maria I minguavam-lhe dotes físicos: Domingos Botelho era extremamente feio.»
quarta-feira, 27 de março de 2019
Eça de Queirós, A CAPITAL! (póst., 1925)
«Na estação havia apenas um passageiro, esperando o comboio: era um mocetão do campo, que não se movia, encostado à parede, com as mãos nos bolsos, os olhos inchados de ter chorado duramente cravados no chão e ao lado sentadas sobre uma arca de pinho nova, estavam duas mulheres, uma velha, e uma rapariga grossa e sardenta, ambas muito desconsoladas, tendo aos pés entre si, um saco de chita e um pequeno farnel de onde saía o gargalo negro duma garrafa.»
sexta-feira, 22 de março de 2019
Carlos de Oliveira, UMA ABELHA NA CHUVA (1953)
«O escritório do Medeiros, director da Comarca, era escuro e desconfortável; uma vulgar secretária de pinho, dois ou três cadeirões com almofadas de palha, um quebra-luz de missanga na lâmpada do tecto e montes de jornais aos cantos; cheirava a pó como num caminho de estio.»
sexta-feira, 15 de março de 2019
terça-feira, 12 de março de 2019
segunda-feira, 11 de março de 2019
vagamundagens: Ferreira de Castro, A VOLTA AO MUNDO (1940-44)
«Pequeno, dez, onze anos melancólicos e tímidos, subíamos ao cume da serra que padroa a casa onde nascemos e ali, entre urzes e pinheiros, nos quedávamos a contemplar vizinhas terras.»
quarta-feira, 6 de março de 2019
Joaquim Paço d'Arcos, DIÁRIO DUM EMIGRANTE (1936)
«E os outros, -- toda a malta da terceira, imunda e sórdida -- miseráveis, porque trocam a sua pobreza livre pela escravidão?»
segunda-feira, 4 de março de 2019
Manuel Ribeiro, A CATEDRAL (1920)
«Neste jardim, que só os cónegos velhos frequentavam em manhãs de bom sol morno no intervalo do serviço religioso, não passeava a esta hora ninguém; e dos claustros, igualmente desertos, subia o silêncio de ruínas mortas, entrecortado pelo murmúrio argentino dum turíbulo que oscilava, com isócrona cadência, por detrás da capela-mor, nas mãos diáfanas duma criança grave.»
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