17 de Julho de 1843: o quarto não chega. «Foi sempre ambiciosa a minha pena: pobre e soberba, quer assunto mais largo. Pois hei-de dar-lho. Vou nada menos que a Santarém: e protesto que de quanto vir e ouvir, de quanto eu pensar e sentir se há-de fazer crónica.» (p. 9)
Paisagem: o vapor afasta-se. «Assim vamos de todo o nosso vagar contemplando este majestoso e pitoresco anfiteatro de Lisboa oriental, que é, vista de fora, a mais bela e grandiosa parte da cidade, a mais característica, e onde, aqui e ali, algumas raras feições se percebem, ou mais exactamente se adivinham, da nossa velha e boa Lisboa das crónicas.» (p. 10)
Vila Franca de Xira (outrora "da Restauração"): depoimento de um soldado liberal. «[...] Vila Franca a que foi de Xira, e depois da Restauração, e depois outra vez de Xira, quando a tal Restauração caiu, como todas as restaurações sucede e há-de suceder, em ódio e execração tal que nem uma pobre vila a quis para sobrenome. / -- A questão não era de restaurar, mas de se livrar a gente de um governo de patuscos, que é o mais odioso e engulhoso dos governos possíveis.» (p. 10)
Do progresso (ou do optimismo). «Este necessário e inevitável reviramento por que vai passando o mundo há-de levar muito tempo, há-de ser contrastado por muita reacção antes de completar-se...» (p. 11)
Prazeres. «No entretanto, vamos acender os nossos charutos [...] / [...] sentir na face e nos cabelos a brisa refrigerante que passou por cima da água, enquanto se aspiram molemente as narcóticas exalações de um bom cigarro de Havana, é uma das poucas coisas sinceramente boas que há neste mundo.» (p. 11)
Bairrismos: campinos e varinos. «Pois nós, que brigamos com o mar, oito e dez dias a fio numa tormenta, de Aveiro a Lisboa, e estes, que brigam uma tarde com um toiro, qual é que tem mais força?» (p. 13)
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