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terça-feira, 14 de julho de 2020

«O presbítero»: o indivíduo na História - EURICO O PRESBÍTERO (1844)

1. Apresentação do protagonista e da sua história, até à condição de presbítero de Carteia -- antigo povoado fenício na baía de Gibraltar.. Os amores contrariados com Hermengarda, por Favila, duque da Cantábria, seu pai e também do grande Pelágio, o primeiro rei das Astúrias, entre 718 e 737 -- uma vez que Eurico pertencia à nobreza baixa --, deixam-no prostrado. «O orgulhoso Favila não consentira que o menos nobre gardingo pusesse tão alto a mira dos seus desejos.» Esta recusa, a que se junta a percepção de uma resignada aceitação por parte da amada leva a um estado depressivo, melancólico e de renúncia. Toma ordens e tornas-se sacerdote da pequena povoação.


2. Romantismo. O gardingo é caracterizado como um emotivo a quem «a melancolia […] devorava», e por isso detentor de uma personalidade diferente dos demais: «Eurico era uma destas almas ricas de sublime poesia a que o mundo deu o nome de imaginações desregradas, porque não é para o mundo entendê-las.» E na renúncia ao mundo transfere-se o entusiasmo guerreiro, o estro e o amor por Hermengarda numa outra devoção: «[...] o entusiasmo em entusiasmo pela virtude; o amor em amor dos homens.» A epígrafe, retirada da Vida de Eulógio, de Álvaro de Córdova (c.800-861): «Sublimado ao grau de presbítero… quanta brandura, qual caridade fosse a sua o amor de todos lho demonstrava.» 

3. O narrador é-o no tempo presente (1844) -- «O presbitério, situado no meio da povoação, era um edifício humilde, como todos os que ainda subsistem alevantados pelos Godos sobre o solo da Espanha.» --; aspecto relevante para ficarmos cientes de que os juízos de valor que traz ao papel se aplicam também (sobretudo?) à circunstância do agora.

Ou seja: a História exposta e também a sua (dele, Herculano) individualidade: o poeta, o homem de acção, fé e convicções.

(Cap. II, «O presbítero», : 6-11)

acrescento: 28.VII.2020

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